2/06/2012

Minhocas

Com o tempo, mesmo as memórias ganham um tom sépia.
Nem a viva cor das explosões de então,
nem o preto, branco e chumbo da queda.
Não há porque lutar por um espólio etéreo.
O morto está velado,
Que fique para as minhocas.

2/05/2012

Esconde - Esconde (2004)

Ah! Mas é assim?
Assim, desse jeito?
Quer brincar de esconde-esconde?
Eu não quero.

Eu não quero mais.
Não gosto dessas brincadeiras.
Não gosto das brincadeiras
Que machucam.

Ah!Mas você
Nunca se machucou
Brincando de esconde-esconde...
Que bom!
Pra você.

Pra mim,
Não.

Eu não quero continuar brincando.
Eu queria mesmo é descansar
Descansar bastante!
Não é preciso brincar para se divertir.

Até porque eu já me machuquei
Brincando.
Brincando de cabra-cega,
Esconde-Esconde,
Pega-pega.

Fui pego pra bobo.
Na casca do ovo.
Bilu,
Bilu,
Tetéia.

Você nunca se machucou brincando?
Não?
Nem um feridinha,
Pra tirar casquinha depois?

Duvido.
É por isso que eu não brinco mais
De esconde-esconde.
Você desiste no meio...

Eu fecho os olhos,
Viro pro muro,
Pra não ver nada!
E conto até cém.

Mas daí termino,
Desviro e vejo:
Você desistiu de mim
E foi brincar com alguém...

2/04/2012

Novo de novo no front.

Variando-se as variáveis
Encontram-se solucionáveis
Problemas indizíveis
Palavras sofríveis
Variando-se as variáveis em diversos níveis.

De que adiantam soluções,
Se os problemas persistem?
Resolva um agora,
Outros brotam em nuvens.

Da frente ocidental,
Não há nada de novo.
Mandam-me notícias,
Velhíceas,
o impasse continua.

O avanço, sangrento,
Faz-se palmo a palmo,
Faz-se retrocesso,
Em cada contra-ataque intestino.

Juntam-se as paredes
Atacam-nas com cabeças
Ataque com sua,
Manche-as com seu sangue,
As paredes caiadas, o tijolo, a rua.

Deixe-se levar.
Vem, que o reboco está fresquinho!
Quem precisa de apoio
Quando se pode dormir
Dormir, dormir,dormir...

Vamos, diga: o que tens feito de novo?
O que fizeste novamente?
O que repetes à exaustão? Nada?

De minha parte, só durmo.